Como não decidir pelo supérfluo

Infelizmente, com a revolução tecnológica, fomos colocados na era da distração: informações, entretenimento e passa-tempos pouco produtivos passaram a estar à distância de um toque. Apesar de descansar ser uma parte importante, competências não são aprendidas sozinhas, e é necessário abdicação para alcançar objetivos maiores. Como podemos, então, decidir melhor?

Pra buscar resolver esse problema, iremos lançar mão dos conhecimentos abordados e aprofundados a partir do livro Cérebro: Uma biografia (Origem) e vamos procurar entender como é possível alcançar melhores padrões para a tomada de decisão.

O QUE ACONTECE NAS DECISÕES?
Um bom primeiro passo para fazer melhores escolhas é saber o que ocorre quando estamos decidindo: o cérebro faz uma espécie de ‘ranking’, tomando como base experiências passadas na tentativa de criar hipóteses para o futuro. A métrica desse ranking é a dopamina, um neurotransmissor ligado a recompensas e ao vício – que torna mais difícil deliberar contra ações que tenham sido prazerosas.

A dopamina, então, promove um cenário um tanto quanto desleal na briga do inconsciente versus o deliberado: o prazer promove uma cascata bioquímica de recompensas, que nos faz querer repetir a ação que a desencadeou.

AGORA VERSUS FUTURO
Mas, se você sabe que estudar é melhor que ir curtir fotos da Pugliese, por que não consegue decidir pelo longo prazo? A resposta é que o agora libera um manancial de recompensas, enquanto o futuro, algumas gotas.

E é por esse motivo que lhe convidam a fazer test-drives e a experimentar peças de roupas. Também é por esse motivo que resistir a um belo fast food é tão difícil: nosso inconsciente batalha em prol de padrões de recompensa, enquanto gastamos nossa limitada força de vontade pra vencer o incógnito.

Então, como vencer o ímpeto de assistir um episódio de Stranger Things e ir estudar excel, inglês ou qualquer outra competência importante? Preparamos duas ações possíveis, baseadas em referências científicas:

1ª AÇÃO
O primeiro caminho é simplesmente não deixar as tentações à vista, referido pelo livro como o Pacto de Ulisses. Ulisses, após retornar de uma batalha vitoriosa, teria de passar por sereias cujo canto indubtávelmente levaria sua embarcação ao náufrago. A solução dele foi: prender-se, de modo a não poder escolher as sereias. Dessa forma, ainda que não conseguisse deliberar a ação que sua tripulação esperava, Ulisses não teria como fracassar. Se simplesmente não houver alternativa, o poder sedutor do agora, então, é superado.

2ª AÇÃO
Gerencie sua força de vontade. Como abordado em (3), o controle próprio é finito: fazer muitas escolhas difíceis nos deixa intelectualmente exauridos ao final de um dia. Nesse quesito, há duas opções interessantes: começar os dias sempre pelas tarefas mais difíceis, de forma a ainda ter a força de vontade necessária para resolvê-las e também escolher melhor as batalhas que vão retornar mais valor para você.

Esperamos que tenha sido uma leitura produtiva!

Referências:

1- Cérebro, uma biografia. David Eagleman, editora Rocco

2- Rangel et Al, (2008). A framework for studying the neurobiology of value-based decision making. Nature Reviews, Neuroscience

3- Muraven, M., Tice, D. M., & Baumeister, R. F. (1998). Self-control as a limited resource: Regulatory depletion patterns. Journal of Personality and Social Psychology, 74(3), 774-789.

 

 

 

 

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